6 de novembro de 2011

O que me incomoda (nas Redes Sociais) NO FACEBOOK*

Aviso aos navegantes: este é um texto opinativo, dissertativo, cheio de mimimi. Tudo dito pelo autor é de sua completa e inteira genialidade. Estejam cientes e segurem suas calças. 

Pra que servem as “redes” “sociais” (eu curto umas aspas e uns parêntesis, acostume-se)? Tem gente que diz que na teoria serve pra socializar. Rá. Trocar uma idéia esperta com os amigos que tem interesses em comum: compartilhar notícias, vídeos, fotos, textos, frases, pensamentos... enfim, várias formas diferentes de expressão. 

O que vejo, nestes dias da graça de Deus, Pré-apocalispe 2012: um bando de gente interessante, com personalidade, quando em carne e osso, sem personalidade enquanto “ser socializante virtual”.  Explico-me abaixo. 

Generalizarei com exemplos, é tudo uma grande camada cinza. Atualmente o Facebook tem em sua função essencial me dar certeza que segunda-feira é segunda-feira e que a sexta-feira vem antes do sábado. Tá lá. TODA MALDITA SEMANA. Milhões de pessoas pra me garantir isso. 

Temos também os shows de opiniões superficiais. Onde comemoramos o câncer de uma personalidade política. Ou melhor. Onde gritos de guerra de "quero ver se tratar no SUS!" (Punho virtual em riste!) ganham mais jóinhas que uma foto engraçadinha com legenda "hoje é sexta-feira". Todo mundo que “compartilha” essas coisas, todo mundo que curte, que comenta enfurecido do conforto de seu sofá, pára pelo menos pensar sobre o que está acontecendo? Do que está participando? Será?  

Vejamos como exemplo o já citado caso de nosso querido sem dedo, presidente nove e meio do Ex-Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que foi diagnosticado recentemente com câncer na laringe. Não sei vocês, mas não acho câncer uma doença bacana e descolada. Isso não impediu que poucos dias após a notícia surgissem por ai manifestos revoltados, dignos da revolução líbia, exigindo que o político fizesse seu tratamento no Sistema Único de Saúde brasileiro. Como se fosse sua obrigação fazê-lo. Pois bem, a questão não é rasa, logo não devemos tratá-la como tal. Argumentos existem para todos os lados, não podemos ignorá-los. Mas também não podemos abraçar a primeira primeira opinião genérica como verdade universal. Tenho quase certeza que se eu colocar no meu Facebook um blá blá blá parecido com “se o Lula se tratar no SUS vai tirar a vaga de alguém que não pode pagar uma tratamento particular”, ou “quero ver se vocês que defendem o tratamento do Ex-Presidente no SUS tem coragem de cancelar seu plano de saúde” teríamos vários likes e comentários. Quando no fim o que importa é que a questão não é essa. É muito mais ampla.  

O que me incomoda é a sensação de dever cumprido, uma asneira dessas deixa a falsa sensação de que estamos fazendo algo, estamos mundando as coisas. E não é bem por ai que a banda mais bonita da cidade toca. Deixa eu dizer umas coisinhas pra vocês: 

- Se o Lula morrer no leito de uma Santa Casa qualquer, o sistema de saúde brasileiro não vai ficar melhor, vidas NÃO serão salvas; 

- Fazer um churrascão num bairro arborizado de senhorinhas não vai fazer com que os pré-conceitos de UMA pessoa que provavelmente não soube se expressar mudem (essa é velha mas ainda tá na garganta, né editor?); 

- Exorcizar um pseudo-troll-comediante por causa de uma piada de mau gosto não vai acabar com a pedofilia no país, não vai salvar o humorismo nacional e nem vai definir o que é politicamente correto ou não. 

Aqui vai outro recado: ninguém vai mudar porra nenhuma através de uma conta no Twitter ou no Facebook. Gritos de guerra em caixa alta com exclamações e emoticons não fazem diferença. Mudar a foto de seu avatar não vai acabar com a fome no mundo.  

Logo pare de ser um revolucionário ultra-jovem de computador e não me encha mais o saco. Tenha suas próprias opiniões, radicais ou não, mas SUAS. Converse, concorde, disconcorde. Faça mais do que apertar o botão Curtir e depois jogar FarmVille. Se quiser ir pras ruas, vá. Fabrique coquetéis molotov e venda no metrô. Queime alguma coisa. Crucifique um inocente. Derrube o muro de Berlim. (Só evite a região da Paulista, trabalho lá, não precisa atrapalhar a minha vida). Faça o diabo. Mas faça algo de verdade. 

As redes sociais mostram quem você é, e às vezes a imagem superficial que o “você virtual” passa é completamente diferente do “você real”. Ou pior. As redes sociais só mostram que você é um idiota. Os dois vocês. 

Resumindo: meu problema com o Facebook são as pessoas que o usam. 

E dá licença que vou ali postar uma citação: O inferno são os outros. Porque sou profundo como uma poça d’água.

_________________________________________________________________
*Joaquim Martins  (@jokamartins) é livreiro, tem experiência no mercado digital e coleciona alguns blogs (bem visitados, porém abandonados) sobre cultura nerd no ciberespaço. A partir deste post começa a tratar de assuntos relacionados à internet e comportamento como colunista do PCdeBolso.

5 comentários :

  1. Eu também acho que o problema das redes sociais são em, grande parte, quem as usa. Mas não é um problema tão grande se eu continuo usando, certo? Outro grande problema, que serve para todos: as pessoas têm se achado importante demais, se levam e querem ser levadas a sério demais. É isso.

    ResponderExcluir
  2. O protesto: desempenho do intelecto gerado pela impotência cabível em certa visibilidade.
    Os grandes grupos que se formam por essas redes ao redor de assuntos polemizados instantâneos, identificados na base dessa nova pirâmide já estão sendo acolhidos por representantes e representações equivocadas.

    Ate aqui nada foi tão serio assim a ponto de trazer uma nova primavera,quando o é, mo Maximo, sai em uma nova marcha claramente menor do que a já tradicional “peruada” que sai do Largo São Francisco.
    Um dia a desigualdade social (economicamente) será totalmente maquiada, por boa vontade e má formação a opinião publica será totalmente medida por esses grandes nichos, já tem gente tirando proveito disso testando sua audiência e sua aceitação enquanto aqui fora, em pequenas doses, vão se configurando essas relações:
    Uma modelo negra Brasileira recebeu de um grande e velho apresentador da TV “carinhosamente” parabéns! pela vitória de Leila Lopes pelo titulo de Miss Universo (agora todo mundo quer ficar do lado bom da historia)
    No mesmo dia em um trem em São Paulo um sujeito ao descer deixou um folheto (de sua religião) no colo de dois franciscanos.
    São dois exemplos pequenos, mas é por essas e outras que nos juntamos em redes, para termos boas relações.

    Boa tentativa!

    ResponderExcluir
  3. Joca: isso deveria ter sido um vídeo. Seria muito mais legal.

    Gonzaga: QUE?

    ResponderExcluir
  4. Esse é o meu pai! "Meu problema não é com a raça, é com a espécie." - Martins, Joaquim

    ResponderExcluir