7 de outubro de 2013

Entrevista - Camila Garófalo, ela musicou suas sombras e sobras

Camila Garófalo nasceu em Ribeirão Preto, mas foi na capital paulista que descobriu sua essência criativa e questionadora. Na adolescência passou a ouvir jazz, blues e rock, além de tomar aulas de violão. Descobriu que os compositores de tom dramático, como Jim Morrison e Cazuza, lhe agradavam acima da média, assim como discussões filosóficas e a poesia concreta. 

Desse universo habitado por mais perguntas que respostas, a cantora de 24 anos retirou as oito composições autorais de seu disco de estreia, “Sombras e Sobras”, com lançamento previsto para o início de 2014. O resultado é anunciado como “músicas de espinho” que combinam  post-rock e roupagens eletrônicas.

Produzido por Danilo Prates, o disco traz baixo, guitarra e teclado de Dustan Gallas (Céu e Cidadão Instigado), bateria e percussão de Bruno Buarque (Karina Buhr e Anelis Assumpção) e saxofone tenor de Thiago França (Metá Metá, Sambanzo e MarginalS).

Em entrevista por e-mail, ela falou sobre suas inquietações artísticas, o processo de gravação do álbum e os detalhes do lançamento.

Sombras e Sobras é um disco autoral em que você se arrisca a filosofar sobre a natureza humana. O que te estimulou a “sofrer esse risco”?

Eu sempre tive mania de procurar a verdade das coisas. Sempre preferi "um punhado de certezas a toda uma carroça de belas possibilidades”. Não significa que sei a verdade das coisas. Significa que eu optei por não acreditar em coisas que podem não ser verdade, e neste caso incluímos a religião, a política e todas as questões filosóficas sobre a condição humana: o desejo de poder e a tendência egocêntrica. Acredito que o risco que eu corro por refletir sobre isso é menor que o risco que eu correria por nunca ter refletido sobre isso.

Post-rock, filosofia e poesia concreta estão entre as suas principais influências. Qual é a sua relação com essas questões?

A filosofia vem primeiro. Depois fui procurando maneiras de expressá-la artisticamente. Encontrei na poesia concreta uma ferramenta para medir o som das palavras, se determinada palavra deveria terminar com a sonoridade do "a" ou do "e", por exemplo. Para a minha música, isso também se refletiu em ritmo e estrutura. Dessa maneira contemporânea também me envolvi com o tal do post-rock que, na minha opinião, é a ideia contrária do rock clássico. A atitude pode ser rock, o estômago é rock, mas o resultado da sua música não precisa ser só rock, pode ser rock misturado com alguma outra coisa que pode nem ser música. 

O primeiro single, “Sobras”, já pode ser ouvido na internet. Quais os planos para o lançamento do álbum? Ele sairá em versão digital e física?

Até o fim desse ano pretendo divulgar outra música ou, quem sabe, até um EP. O disco completo com as 8 faixas são planos para março de 2014. Aí sim ele virá em formato digital - para download gratuito - e físico.

Os músicos que participam da gravação também colaboraram com artistas de destaque da chamada nova MPB (Céu, Karina Buhr, Metá Metá, entre outros). Como eles influenciaram no resultado final do trabalho?

A ideia foi mostrar aos músicos o máximo de referências que tínhamos. Junto com o Danilo (Prates) fizemos uma pré-produção com todas as ideias que gostaríamos de ter no disco. Para gravar os instrumentos, pensei em alguns nomes de projetos que eu gostava muito, como o da CéU, por exemplo. A escolha por esses músicos, especificamente, não foi aleatória. Eu já conhecia o trabalho deles e sabia que eles conseguiriam arrancar da minha música algo que já existia nela, mas que tinha que espremer e misturar com toda aquela criatividade musical que os três têm de sobra.  Mudou muito da pré-produção, mas a filosofia continua a mesma, só que muito melhor.

Ouça o primeiro single, "Sobras":



Acompanhe: http://camila.la/
                 https://www.facebook.com/Camila-Garófalo

Nenhum comentário :

Postar um comentário