17 de outubro de 2012

Tulipa Ruiz, dois cafés e a profundidade disfarçada

Escrevi um artiguinho sobre uma faixa do novo álbum da Tulipa...

Dois Cafés não é a melhor faixa do novo álbum de Tulipa Ruiz. Não é a mais inventiva, não é a mais hermética, nem a mais curiosa. Não é a canção que abre o disco, nem a que o encerra. Não é a mais longa, nem a mais curta. Nela, não há gritos e nem sussurros. Em Dois Cafés, Tulipa não lembra Gal.

A sétima faixa de Tudo Tanto tem ares pop, soprados com ajuda de um dos mestres brasileiros do gênero, Lulu Santos. Tal característica provoca na canção o inusitado: impulsiona ao mesmo tempo em que a obscurece diante do público. De um lado, uma maioria reconhece com facilidade a leveza e a levada tão paralelas a um eterno hit de abertura da não menos eterna novela Malhação. Do outro, uma crítica especializada e antipática prefere ignorar a faixa para louvar nas outras dez todas as nuances que ela não tem.

Mas afinal de contas, o que há em Dois Cafés além de um dueto radiofônico? Eu digo. Há um discurso franco e atual sobre uma realidade que pode ser a de qualquer habitante de uma grande cidade. Em suma, há letra que reúne uma porção de inseguranças e dificuldades próprias do período de transição da juventude para a vida adulta. Essa fase cada vez mais obscura. Quando sair de casa aos 18 não configura mais a condição de adulto ou quando casar e ter filhos não representa mais a única, e garantida, visão de futuro satisfatório, a realidade é colocada em xeque. É isso que Dois Cafés faz. É aí que está o seu peso.

Continua lá no site da Izadora Pimenta, o Backbeat. ;)



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